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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE TECNOLOGIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA ELÉTRICA CURSO DE ENGENHARIA ELÉTRICA TRABALHO FINAL DE CURSO JOSÉ ADERBAL AUGUSTO DE ALMEIDA FILHO INTRODUÇÃO À ANÁLISE DE PREVISÃO DE DEMANDA DE ENERGIA ELÉTRICA UTILIZADA PELA EMPRESA DE PESQUISA ENERGÉTICA FORTALEZA 2010

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ

CENTRO DE TECNOLOGIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA ELÉTRICA

CURSO DE ENGENHARIA ELÉTRICA TRABALHO FINAL DE CURSO

JOSÉ ADERBAL AUGUSTO DE ALMEIDA FILHO

INTRODUÇÃO À ANÁLISE DE PREVISÃO DE DEMANDA DE ENERGIA ELÉTRICA UTILIZADA PELA EMPRESA DE PESQUISA

ENERGÉTICA

FORTALEZA 2010

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JOSÉ ADERBAL AUGUSTO DE ALMEIDA FILHO

INTRODUÇÃO À ANÁLISE DE PREVISÃO DE DEMANDA DE ENERGIA ELÉTRICA UTILIZADA PELA EMPRESA DE PESQUISA

ENERGÉTICA

Monografia apresentada ao Curso de

Engenharia Elétrica da Universidade Federal

do Ceará, como requisito parcial para

obtenção do título de Engenheiro Eletricista.

Orientadora: Gabriela Helena Sergio Bauab,

Dra.

Fortaleza Dezembro de 2010

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À minha mãe Socorro, às minhas irmãs

Daniela e Juliane, e ao meu pai Aderbal,

por todo o apoio e carinho incondicional.

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AGRADECIMENTOS

Nesta longa caminhada da minha educação, vários atores estiveram presentes e

fizeram parte dando contribuições que foram responsáveis pelo já percorrido até aqui.

Tenho muito que agradecer aos queridos mestres:

Minha mãe Socorro, minhas irmãs Daniela e Juliane, e meu pai Aderbal. Eles são

apoios incansáveis;

Avós, tios e primos, de todas as horas;

Amigos: Gustavo Pinheiro, Milena Távora, Janaína Bezerra e Maiana Maia, que são

companheiros que fazem parte de uma história de dez anos; Amanda Rangel, Bruno

Dourado, Daniel Albuquerque, Dante Shimoda, Guilherme Hertz, Izabel Vieira, Janaína

Almada, Marcelo Gino e Pedro Gustavo, companheiros de trabalhos, estudo e lazer ao

longo do curso de Engenharia Elétrica; Milena Bezerra e Neliza Romcy, amigas da

Arquitetura.

Todos os amigos importantes e queridos dos encontros e desencontros desta vida;

Aos Professores Demercil, Fernando, Laurinda e Ruth que puderam contribuir com

minha formação profissional, e em especial à Professora Gabriela, por ter acreditado em

mim, me incentivando e orientando não apenas nessa monografia, como em meu curso;

Barros Neto, Clarisse, Edianny, Marciel, Julio Brizzi e todos que me acompanharam

no Movimento Estudantil e nos trabalhos de extensão.

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Augusto Comte

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RESUMO

Este trabalho faz uma abordagem sobre a previsão da demanda energética de energia

elétrica nacional, abrangendo parte dos estudos da Empresa de Pesquisa Energética. Retrata a

realidade histórica e contextualiza a projeção com a economia mundial, bem como com a crise

energética de 2001 e a crise econômica ocorrida em 2009. É feita uma abordagem qualitativa do

crescimento da potência instalada de energia. Além disso, mostra os modelos estatísticos

econométricos e de insumos-produtos e os principais métodos utilizados para resolvê-los. Como

exemplo, é apresentada a demanda prevista no Brasil no último plano decenal , expondo de dados

inerentes ao estudo, tais como o cenário nacional e/ou internacional da curva de demanda, Produto

Interno Bruto (PIB) e premissas demográficas. Por fim, apresenta um resultado com a demanda

prevista para um horizonte de dez anos comparando com o cenário que fora previsto antes da

crise.

Palavras chaves: Previsão de Demanda, Modelos de Demanda e Métodos de Previsão.

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ABSTRACT

This work proposes an approach to energy demand forecast for national power, including

most studies of the Energy Research Corporation. Talks about the historical reality, interpreting

the analysis to the world economy, as well as the 2001 energy crisis and the economic crisis

occurred in 2009. An approach to qualitative growth of the installed power capacity is done. It

also shows the statistical models econometric and input-output and the main methods for solving

it.. As an example, the demand forecast is presented, are used the study data, they are the national

and/or international demand curve, Gross Domestic Product (GDP) and demographic assumptions.

Finally, it presents a result with the preview demand for ten years compared with the scenario that

was previewed before the crisis.

Keywords: Preview Energy Demand, Demand Models and Forecasting Methods.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Curva de Demanda de Energia. Fonte: EPE. ......................................................................... 5

Figura 3 - Taxa de crescimento demográfico nacional .......................................................................... 23

Figura 4 - Crescimento demográfico nacional ....................................................................................... 23

Figura 5 - Representação adaptada da EPE para a projeção da demanda do setor de energia ........... 27

Figura 6 - PDE 2008-2017 e PDE 20010-2019 ........................................................................................ 29

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LISTA DE SIGLAS

BNDES Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social

CCPE Comitê Coordenador do Planejamento da Expansão dos Sistemas Elétricos

EPE Empresa de Pesquisa Energética

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

MIPE Modelo Integrado de Planejamento Energético

PDE Plano Decenal de Expansão da Energia

PIB Produto Interno Bruto

SIN Sistema Integrado Nacional

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................... 1

2 ASPECTOS HISTÓRICOS E INSTITUCIONAIS ................................................................ 3

2.1 HISTÓRICO ............................................................................................................................ 3

2.1.1 Revolução Industrial ............................................................................................... 3

2.1.2 Desenvolvimento da Energia Elétrica no Brasil ....................................................... 4

2.2 ASPECTOS INSTITUCIONAIS ................................................................................................. 7

2.3 SISTEMA INTERLIGADO NACIONAL SIN ........................................................................... 8

3 MODELOS USUAIS ADOTADOS À PREVISÃO DE DEMANDA .................................... 10

3.1 MODELO ECONOMÉTRICO ................................................................................................ 11

3.2 MODELO INSUMO-PRODUTO ............................................................................................ 13

3.3 MÉTODOS PARA RESOLUÇÃO DOS MODELOS DE PREVISÃO DE DEMANDA ................ 15

3.4 ASPECTOS QUALITATIVOS NO CENÁRIO NACIONAL ....................................................... 16

3.5 ASPECTOS QUANTITATIVOS NO CENÁRIO NACIONAL ..................................................... 17

4 PREVISÃO DE DEMANDA DE ENERGIA PARA O SIN ................................................. 19

4.1 COERÊNCIA ENTRE O MODELO ECONOMÉTRICO COM O DE INSUMOS-PRODUTOS .. 19

4.2 PROJEÇÃO DE CRESCIMENTO DAS VARIÁVEIS NA MATRIZ DE DEMANDA ................... 19

4.2.1 Projeção e expansão do setor residencial ............................................................... 21

4.2.2 Projeção dos setores industriais ............................................................................. 24

4.3 RESULTADOS DAS PROJEÇÕES ......................................................................................... 26

5 CONCLUSÃO ...................................................................................................................... 30

6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................................... 31

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1 INTRODUÇÃO

Esta monografia traz em seu conteúdo uma discussão atual e relevante no que se

refere à previsão da demanda energética e suas conseqüências para o planejamento

energético do Sistema Integrado Nacional (SIN). Na situação de incertezas que o Brasil já

esteve em um passado recente, com problemas que trouxeram mudanças na estrutura física

e econômica da distribuição e disponibilidade de energia, a previsão de demanda se torna

essencial para evitar problemas de falta energética, problemas de racionamentos de

energia elétrica, e conseqüentemente problemas econômicos.

O capítulo 2 apresenta uma introdução do surgimento e crescimento da demanda de

energia elétrica com os principais fatos da história do setor elétrico que levaram às

condições do estado atual na estrutura organizacional e operacional do sistema da energia

elétrica nacional. É descrito um pequeno histórico das privatizações de setores de energia

elétrica no país e busca-se mostrar a participação governamental da situação em que a

estrutura se encontra. É posto uma apresentação simplificada da integração

eletroenergética nacional.

No capítulo 3 são feitas as definições dos modelos e métodos mais usuais na questão

de previsão de demanda, definindo-se o modelo econométrico e o modelo insumo-

produto. Em seguida, são discutidos os aspectos qualitativos e quantitativos do cenário

atual. Os aspectos qualitativos abrangem uma análise subjetiva e estão de acordo com o

-se a

imparcialidade, por vezes algumas análises podem conter um lado político-pessoal, tenta-

se, pois, aqui referenciá-las. Os aspectos quantitativos, por sua vez, são dados mais

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precisos, por ser um gênero de corpus com valores presentes em dados documentados

publicamente por instituições consagradas.

Para uma visão mais prática, é apresentado o capítulo 4, com os históricos e as

projeções demográficas e de produção industrial do país, por meio de dados históricos

com fontes do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e da Empresa de

Pesquisa Energética (EPE). É mostrada a previsão em um horizonte de 10 anos,

apresentando uma setorização por sub-regiões e por sub-setores da indústria, baseado no

Plano Decenal de Expansão de Energia Elétrica. No final, são apresentadas conclusões

sobre planejamento energético e previsão de demanda.

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2 ASPECTOS HISTÓRICOS E INSTITUCIONAIS

2.1 HISTÓRICO

2.1.1 Revolução Industrial

Antes da Revolução Industrial, a produção de bens de consumo era realizada

exclusivamente por meio de métodos manuais, passando de métodos artesanais, onde o

artesão participava quase sempre de todas as etapas de execução da obra, para um

processo manufaturado, onde se vê a produção em série.

A Revolução Industrial teve iniciou no século XVIII na Inglaterra. O

desenvolvimento próspero da Grã-Bretanha e os acordos com os demais países europeus

desenvolveram o capitalismo britânico, que por sua vez trouxe a Revolução Inglesa, a

precursora da Revolução Industrial. A partir do uso da máquina a vapor, puderam ser

construídas indústrias e fábricas que otimizaram o trabalho e acelerando o processo de

produção [1].

Com a descoberta da lâmpada em 1876, por Thomas Edson, e a inauguração da

iluminação pública abastecida por energia elétrica, em 1877 nos Estados Unidos, iniciou-

se o processo de distribuição de energia. Somente em uma segunda etapa da Revolução

Industrial, já no século XIX, é que iniciou o uso da Energia Elétrica para o acionamento

de máquinas em grandes escalas. O rendimento energético e econômico da energia

elétrica, além da redução de resíduos poluentes, como fumaça e barulho na indústria,

quando comparado com as caldeiras e motores a combustão, foram os propulsores desta

nova tecnologia na época [1] [2].

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Desde então, o uso da energia elétrica passou a ser cada vez mais recorrente e

necessário às necessidades humanas. A energia se torna, hoje, um bem de consumo

essencial e possui um caráter de bem público, assim como a água e o transporte.

2.1.2 Desenvolvimento da Energia Elétrica no Brasil

Segundo [3], em 1887 foi inaugurada uma das primeiras usinas elétricas brasileira,

objetivo de alimentar um trecho

com pouco mais de 01km, que era iluminado através de 800 lâmpadas incandescentes de

10 velas1.

O uso comercial da energia elétrica no Brasil iniciou-se através de incentivo do

governo Rodrigues Alves em 1906. No princípio, as usinas eram a carvão, e a partir de

1911, iniciou-se o processo de construção de hidrelétricas. Até a década de 50, a produção

de energia elétrica era em pequena escala e de autonomia das empresas, que se dividiam

entre empresas privadas, capital misto ou puramente públicas. Na década de 60, essas

empresas se consolidaram e iniciou-se a atuação do Ministério de Minas e Energia e da

Eletrobrás, passando a haver uma estabilização do controle governamental nas

companhias energéticas.

Um dos marcos da produção energética brasileira é a construção da Usina

Hidrelétrica de Itaipu, em 1973, quando técnicos percorreram o rio Paraná de barco em

busca do ponto mais indicado para a construção da Itaipu Binacional. O local foi

escolhido após a realização de estudos com o apoio de uma balsa.

1 Brasil para mensurar a intensidade das lâmpadas comercializadas no país, não integra

o Sistema Internacional de Unidades (SIU), que adota como medida o lux. Uma vela equivale a 10,76 lux [4].

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Pode-se perceber que a evolução e desenvolvimento dos setores de energia elétrica

do Brasil iniciaram em coerência com a evolução do restante do mundo. Em destaque,

pode-se citar a bacia do rio Paraná, que é a mais significativa no que diz respeito à

participação energética, correspondendo em 2003 a 59,3% da capacidade instalada em

bacias hidrográfica no Brasil, seguidas pelas bacias do Rio São Francisco e Rio Tocantins,

com 15,5% e 11,7% da capacidade hidráulica instaladas, respectivamente. O crescimento

nacional se mostra robusto e significativo, com participação em diversas outras fontes

energéticas, porém a predominância é hidráulica. Com a maior oferta de energia elétrica,

as indústrias puderam se instalar e aumentar sua produção, impulsionando um crescimento

econômico nacional.

O crescimento sócio-econômico e industrial está intimamente ligado ao crescimento

da demanda energética. Não se pode expandir o setor industrial se não houver energia para

seu abastecimento. Dados das duas últimas décadas mostram um panorama do

crescimento da demanda energética nacional, conforme figura 1, evidenciando a

relevância em se preocupar com o crescimento da mesma por meio do incentivo do

crescimento da produção.

Figura 1 - Curva de Demanda de Energia. Fonte: EPE.

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Com o aumento da demanda energética, observa-se a necessidade de um bom

planejamento de sua geração e distribuição, para atender os consumidores (industriais e

residenciais), acompanhando o crescimento econômico. Um dos itens para se fazer um

planejamento satisfatório de energia elétrica é conhecer/prever a demanda desta energia

pelos consumidores, resultando no correto despacho de geradores, evitando a falta de

energia para os mesmos.

Até meados dos anos 80, a metodologia para a previsão de demanda da energia

elétrica era algo tradicional, que atendia a um mercado estável, contínuo e com caráter

linear. Observava-se, ainda, que os custos e a competição eram preponderantes.

O setor energético iniciou um processo de reestruturação a partir da década de 90,

tornando a previsão da demanda de energia elétrica mais complexa. Essas mudanças

ocorreram a fim de implementar, no caráter energético, medidas governamentais de

interesse público, tais como medidas sociais, políticas, econômicas e regulamentárias.

Esta mudança acontece, prioritariamente, em relação à concessão da responsabilidade da

expansão do sistema e pelo atendimento ao mercado [5].

O aumento do fornecimento de energia foi linear, acompanhando o crescimento da

demanda da energia elétrica. Observa-se, na figura 1, uma queda na demanda da energia

elétrica em 2001/2002, devido ao racionamento da mesma, justificada pelo baixo nível dos

reservatórios das usinas hidrelétricas. Porém, o problema hidrológico desfavorável não

pode ser considerado um fator único agravante, visto que ele sozinho não foi o motivo

para a crise energética de 2001. Outros fatores ocasionaram o desequilíbrio entre a oferta

e a demanda, como atrasos no andamento de obras de geração e transmissão, previstas nos

Plano Decenal de Expansão da Energia (PDE) do Comitê Coordenador do Planejamento

da Expansão dos Sistemas Elétricos (CCPE) [6].

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2.2 ASPECTOS INSTITUCIONAIS

No período da crise energética ocorrida em 2001, por ação da Casa Civil, foi tomada

a Medida Provisória nº 2.198-5, de 24.8.2001, que criou a Câmara de Gestão da Crise

Energética Elétrica GCE. Esta, através da resolução nº 18, de 22 de julho de 2001,

homologou o Comitê de Revitalização do Modelo do Setor Elétrico, com a missão de

encaminhar propostas para corrigir as disfuncionalidades correntes e propor

aperfeiçoamentos para o referido modelo. A instalação do Comitê ocorreu em 27 de Julho

de 2001. Nesta situação, acordou-se que os trabalhos desenvolvidos pelo Comitê deveriam

se basear na busca de soluções que preservassem os pilares básicos de funcionamento do

modelo do setor, a saber, competição nos segmentos de geração e comercialização de

energia elétrica, expansão dos investimentos necessários com base na contribuição do

setor privado e regulação dos segmentos que são monopólios naturais transmissão e

distribuição de energia elétrica para garantir a qualidade dos serviços e o suprimento de

energia elétrica de forma compatível com as necessidades de desenvolvimento no país [7].

Conforme [6] e [8], o setor elétrico passou por uma mudança, migrando uma parcela

do monopólio estatal para o capital privado, resultando em ajustes estruturais tais como:

a exploração de energia elétrica feita por setores privados, por meio de licitações;

o controle e operação centralizados por um órgão público;

o livre uso e acesso dos setores de geração, transmissão, distribuição e

comercialização;

criação e regulamentação da comercialização de energia elétrica;

a implementação de um novo tipo de consumidor, o consumidor livre.

No estado atual de participação nas diretrizes de sistemas de potência, tem-se as

referidas competências:

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a) Poder Executivo

b) Poder Concedente

c) Regulador

d) Operador Nacional do Sistema

e) Câmara de Comercialização de Energia Elétrica

f) Empresa de Planejamento Energético

g) Agentes setoriais

2.3 SISTEMA INTERLIGADO NACIONAL SIN

A abrangência do sistema de energia nacional proporciona uma característica

singular em caráter mundial devido suas proporções e devido às principais fontes de

energia. Os sistemas de geração e de transmissão de energia elétrica do Brasil é

fundamentalmente hidrotérmico de grande porte, com uma parcela significativa de usinas

hidrelétricas e com múltiplos proprietários. O SIN é formado pelas empresas das regiões

Sul, Sudeste, Centro-Oeste, Nordeste e parte da região Norte. A robustez desta malha de

interligação do SIN pode ser observada na figura 2, onde apenas 3,4% da capacidade de

produção de eletricidade do país encontra-se fora do SIN, em pequenos sistemas isolados,

localizados, principalmente, na região amazônica.

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Considerando que a potência de geração instalada deve ser superior à demanda

energética máxima, um sistema interligado hidrotérmico permite uma maior flexibilidade

à medida que a sazonalidade e diversidade das condições de chuvas e estiagem para

abastecimento das represas se complementam nas distintas regiões. Quando há um

excedente energético de geração hidráulica, este excedente é transferido para as regiões

que estiverem com déficit de produção, reduzindo o uso de combustíveis das

termelétricas. Mesmo com esta transferência de carga, as termelétricas ainda têm sua

importância, por suprirem a problemática de falta de água nas hidrelétricas por falta de

precipitação pluviométrica em mais de uma região.

Figura 2 Mapa simplificado e atualizado da integração eletroenergética.

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3 MODELOS USUAIS ADOTADOS À PREVISÃO DE DEMANDA

A estrutura organizacional atual, com participação privada no setor energético

nacional, impõe a necessidade da previsão de demanda energética como ferramenta do

planejamento energético, com o intuito de reduzir problemas de excessos ou falta de

energia, por meio de integração das regiões distintas. A projeção da demanda energética

bem elaborada vem como um indicador para um planejamento seguro da geração e

transmissão de energia a curto, longo e médio prazo. Entende-se por projeção bem

elaborada aquela que consegue ter uma melhor redução de incerteza.

A definição clássica para os modelos de projeção pode ser considerada como a

reprodução complexa e incompleta da realidade futura, refletida de maneira simplificada.

Complexa por abranger uma gama de variáveis que rege setores que vão além da

exclusividade do setor energético, como setores econômicos e meteorológicos. E

incompleta por haver um horizonte de incertezas que traz margem a erros estatísticos.

Embora não seja em sua totalidade a representação da realidade por contar com essa

margem de incerteza, serve de instrumento para apoiar as tomadas de decisões,

independente do objetivo para o qual foi criado. Dessa forma, os modelos de projeção de

demanda servem como instrumentos de apoio para as tomadas de decisões do

planejamento da expansão e operação da geração, transmissão e distribuição da energia

elétrica.

Assim, faz-se necessário a adoção de técnicas que proporcionem uma segurança para

a previsão de demanda. Para gerar um modelo de previsão de demanda, devem ser

analisadas as questões de crescimento econômico, demográfico, de autoprodutor e

tecnológico. Percebe-se ainda que influências externas de caráter político podem intervir

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no processo de modelagem e previsão do mercado de energia, não somente quando o

processo de modelar e prever ocorre no âmbito do planejamento energético de um

governo, como também no meio corporativo, quando o objetivo é prever e modelar o

mercado de energia de uma empresa.

As características do modelo podem ser definidas nos seguintes aspectos:

a) Completo: abordando todos os aspectos relevantes;

b) Simples: nenhum aspecto supérfluo;

c) Transparente: clareza para o usuário;

d) Flexível: cobrindo uma gama útil de situações;

e) Robusto: resultados que resistem a mudanças.

Dentre os principais modelos utilizados para a previsão no contexto histórico de

planejamento da energia elétrica, observa-se os tipos insumo-produtos e econométricos. A

literatura sobre modelos de previsão com foco exclusivo às fontes de energia é escassa.

Contudo, ao que se aplica os estudos da EPE apresentado no capítulo 4, estes dois

modelos são os mais indicados [9].

3.1 MODELO ECONOMÉTRICO

Os modelos econométricos se baseiam na teoria econômica neoclássica, partindo de

sistemas de regressões e funções de custos e produção derivados da teoria

microeconômica. Por terem em sua conjectura a captação da dinâmica do processo

produtivo e representarem uma ligação entre a demanda de energia, os modelos

econométricos tradicionais podem ser utilizados nas previsões de demanda. São baseados

em grandezas econômicas na justificativa da evolução da demanda energética, tais como

indicadores sócio-econômicos, dados demográficos ou o PIB.

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Focando as características dos modelos econométricos tradicionais na demanda

energética, pode se delinear os seguintes aspectos:

a) As influências de variáveis como: médias, tendências históricas, extrapolações

que impactaram na demanda;

b) Suposição que a história se repetirá acarretando as mesmas influências na

demanda;

c) Adoção de uma metodologia usual que traga segurança e praticidade;

d) Possuir aplicação compatível com as estatísticas de demanda energética.

Ainda no meio econométrico, pode ser adotada a metodologia baseada na

consideração da homogeneidade dos consumidores, desconsiderando a estrutura

tecnológica e o uso final da energia. Este método foi utilizado até a década de setenta,

onde o consumo de energia era planejado com base em todos os dados do passado, por

meio da representação por equações que expressam a relação de energia com base nos

preços e níveis de atividades econômicas.

Este modelo é fundamentado na conjectura de que o futuro pode ser antevisto pela

linearização de dados do passado, com perspectivas que não acarretarão em mudanças

significativas nas variáveis.

Para que os modelos econométricos possuam uma melhor precisão, adotam-se

variáveis que podem ser compostas quantitativamente. Contudo, diversas das variáveis das

séries históricas do consumo são firmadas em dados qualitativos. Como exemplos desses

dados quantitativos, podemos encontrar os índices demográficos e a renda da população.

Mas devemos perceber que esses dados não conseguem, por si só, serem responsáveis por

todo o horizonte futuro. Em uma visão pessimista, podem-se haver mudanças que venham

a reduzir drasticamente a demanda energética. Existem diversos outros fatores que

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propulsionam mudanças significativas nas variáveis econométricas que os tornam falhos,

tais como fluxo migratório, modificações nos hábitos da população ou mesmo novas

tecnologias. Essas mudanças podem ser ocasionadas por intervenção do Estado, que por

meio de campanhas de conservação de energia ou investimentos na economia, poderão

trazer transformações nas perspectivas futuras, acarretando em decréscimo ou acréscimo

na demanda energética.

Neste sentido, o acompanhamento das escolhas de variáveis nos prepara para

enfrentar situações atípicas decorrentes das novas proposições, sendo este modelo de

previsão de demanda pouco indicado.

Apesar de possuir um caráter simples e não possuir uma ampla robustez, os modelos

econométricos não devem ser totalmente eliminados ou considerados obsoletos em todos

os casos, pois para um horizonte de tempo plausível com a base estatística e num contexto

de estabilidade, previsibilidade e regularidade do crescimento sócio-econômico essa

metodologia mostra sua importância quando se trabalha em sistemas menores e de menos

risco, conforme adotado em distribuidoras de energia específicas como a Eletronorte.

3.2 MODELO INSUMO-PRODUTO

Este modelo propõe que os coeficientes de produção dependem não apenas de

estrutura e preços relativos, nem apenas da tecnologia utilizada, mas também das

limitações de abastecimento entre as atividades. É uma adaptação da teoria neoclássica do

equilíbrio geral em função de uma razão da integração e dependência quantitativa ou

espacial das economias. Por conseguinte, devem-se delimitar os setores mais

significativos no processo econômico a partir da percepção de limitação de capital para

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um investimento. Os setores econômicos possuem suas segregações entre si, mas não são

perdidas as interrelações entre os mesmos, sendo analisados os custos de produção com os

produtos consumidos nos outros setores que não energéticos.

Os elementos ou conjunto de elementos que entram na produção de bens ou serviços

são os coeficientes básicos de insumo-produto e da demanda final, habitualmente com

perspectiva referencial de um ano. Para que os níveis técnicos de diferentes setores façam

parte de um sistema econômico integrado, proporcionando o quantitativo de um

determinado produto, consumido em outro, usa-se simplesmente o mesmo preço básico

em todos os demais setores que produzam ou consumam este produto.

O conjunto de coeficientes técnicos adotado nesse modelo implementa o quantitativo

mínimo de produção necessária entre setores correlacionados, sem que haja pontos de

estrangulamento em algum outro setor por falta de insumo. É almejado o equilíbrio geral

no horizonte onde esse conjunto é estudado.

Existem duas principais formas de se utilizar o modelo insumo-produto: uma que se

baseiam nos dados macroeconômicos, que são mais abrangentes e genéricos, sendo,

portanto, mais usual por abranger diversos setores, e se aplica para projeções setoriais; e

outra que é mais aplicável ao quadro de energia, que fragmenta as variáveis que interagem

direta ou indiretamente aos setores de energia. Ambos trabalham com o uso de dados de

insumo-produto para o planejamento energético, e necessitam de uma estabilidade na

economia e de valores fidedignos para a apresentação de bons resultados.

Este modelo foi adotado largamente na década de oitenta nas empresas de setor

elétrico e na década de noventa por bancos de desenvolvimento econômico e social.

Houve aplicação no que se refere às demandas de energia por setores através das

influências de mudanças externas. No entanto, nem sempre são apresentados bons

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resultados, levando em consideração que há a necessidade de pesquisas apuradas e

detalhadas para a construção do banco de dados. Torna-se necessário o uso correto dos

dados e da observância de interação entre os setores e segmentos distintos que se

relacionam. As variáveis externas não incluídas podem acarretar uma previsão falha, por

não captar as evoluções de mercado, o que impões um estudo minucioso e domínio da

metodologia.

3.3 MÉTODOS PARA RESOLUÇÃO DOS MODELOS DE PREVISÃO DE

DEMANDA

Segundo [10], a divisão de métodos de previsão se concentra basicamente em duas

vertentes: os métodos quantitativos e os métodos qualitativos. O método a ser adotado

pode variar de acordo com o nível de precisão necessário, o tipo de produto ou serviço a

ser prestado e o tipo de empresa e como ela está inserida no mercado.

Os métodos qualitativos de previsão dependem das experiências e do grau de

conhecimento dos responsáveis. Eles podem ser integrados com dados de pesquisa como a

opinião dos consumidores, mas contemplam a subjetividade do método. Dependem da

situação, e são aplicados em detrimento de fenômenos já ocorridos, acarretando na

facilidade e rapidez de conclusão de resultados.

Em quase todas as organizações, é comum serem adotados métodos qualitativos para

as previsões, investimentos e aplicações, que podem até mesmo ser uma parcialidade

subjetiva de resultados quantitativos. Na prática, são predominantes e alega-se que o

conhecimento prático dos especialistas é referência na tomada de decisão.

Os métodos quantitativos se diferenciam dos métodos qualitativos por adotarem

séries temporais históricas e previsão de acontecimentos que ainda não aconteceram

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baseados nos dados atuais combinados com os do passado. Sua rigidez e consistência

possibilitam o trabalho com um grande número de dados. Os obstáculos destes métodos

estão na limitação do uso de dados exatos de séries temporais, tais como mudanças

dinâmicas e estruturais. É necessário incluir todas as informações acessíveis, como dados

exatos de produção e consumo passados, ou concorrências de mercado.

Independentes dos métodos podem existir variações na forma como são utilizados,

por haver uma interação simultânea entre o setor analisado e as variáveis de estado que

influenciam o mesmo.

3.4 ASPECTOS QUALITATIVOS NO CENÁRIO NACIONAL

É notório que a economia nacional está com uma robustez significativa quando se

compara com a economia mundial generalizada [11]. A crise mundial ocorrida em 2009,

que para muitos economistas iria de encontro à estabilidade econômica brasileira, nas

economias mundiais ocorreu um desequilíbrio negativo no PIB e na demanda energética.

Já na economia nacional aconteceu uma estagnação que pode hoje retomar as mesmas

taxas de crescimento linearizado anteriormente à crise, havendo apenas um deslocamento

vertical. De posse disso, considerara-se que o crescimento da economia brasileira, que

antes superava a média mundial, continuará a superar esta média no contexto internacional

de expansão, refletindo o desembaraço da crise financeira internacional.

Apesar do crescimento significativo da economia brasileira, deve-se ater também à

sinergia entre o Brasil e os países emergentes, havendo a necessidade de retomada de

crescimento destes, tais como a China, que influenciam diretamente o nosso crescimento

em setores primários como a celulose, agropecuária, siderurgia e indústria de extração

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mineral. Paralelamente, a infraestrutura civil de estradas e habitação nos próximos anos

contribuirá para um desempenho do setor da construção civil, e conseqüentemente da

economia.

Este arquétipo de crescimento só é permitido por um constante trabalho por meio de

programas governamentais que têm melhorado a infraestrutura no âmbito nacional.

Mesmo não havendo uma precisão por conta do horizonte de incertezas da política

econômica nacional, acredita-se que em um quadro decenal com o aumento da

Produtividade Total dos Fatores presentes asseguram os segmentos dinâmicos da

economia no âmbito de planejamento. Mesmo os desafios ambientais sendo barreiras

limitantes para o crescimento de produção de energia elétrica, os projetos atuais em

execução e planejados certificam e diminuem esta incerteza.

3.5 ASPECTOS QUANTITATIVOS NO CENÁRIO NACIONAL

O principal motivo para se fazer uma análise quantitativa de forma otimista é a

confiabilidade de um cenário de crescimento econômico brasileiro superior a média

mundial para os próximos 10 anos, observada na análise qualitativa. Com dados do IBGE

e da EPE, pode-se perceber na tabela 1 uma projeção do PIB mundial, e em paralelo o PIB

Nacional:

Tabela 1 - Taxas de média de Crescimento do PIB

Indicadores Econômicos Histórico Projeção

1999-2003 2004-2008 2010-2014 2015-2019 PIB Mundial (% a.a.) 3,4 4,6 4,2 4,0 PIB Nacional (% a.a.) 1,9 4,7 5,2 5,0

Ao contrário do que se esperava, a economia mundial no ano de 2009 se recuperou

em ritmo acima da trajetória que se acreditava, mesmo que em uma curva abaixo do

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último ciclo de crescimento. Mas as conseqüências da crise ainda estarão presentes, e

supõe-se que haverá uma melhor reestruturação política e econômica voltada para a

sustentação do setor financeiro bancário. Já pode ser sentida uma dissolução dos

incentivos públicos com planejamentos para os próximos 10 anos, o que visa estabilizar a

taxa média de crescimento do PIB mundial a partir do segundo qüinqüênio em 4,0% ao

ano.

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4 PREVISÃO DE DEMANDA DE ENERGIA PARA O SIN

Este capítulo descreve os modelos e métodos de previsão de demanda adotados para

o planejamento energético nacional, focando no sistema elétrico. Serão apresentados

dados levantados pela EPE para a elaboração do PDE 2019 [11].

4.1 COERÊNCIA ENTRE O MODELO ECONOMÉTRICO COM O DE

INSUMOS-PRODUTOS

A certificação de metodologias que nos auxiliam a lidar com a execução de metas do

programa de previsão de demanda maximiza as possibilidades por conta das condições

políticas e econômicas do setor energético. Por outro lado, as limitações de cada método

deixam a desejar em alguns cenários no horizonte de previsão. O cuidado em identificar

pontos críticos nas variáveis de cada método pode nos levar a considerar a reestruturação

dos modelos. O início da atividade geral de formação de escolhas estende o alcance e a

importância do remanejamento de características de quadros funcionais de cada modelo.

Todavia, o entendimento das metas propostas pode levar a considerar a reestruturação de

um modelo que nos traga a fusão entre o modelo econométrico e o de insumo-produto.

4.2 PROJEÇÃO DE CRESCIMENTO DAS VARIÁVEIS NA MATRIZ DE

DEMANDA

Até o final da década de 90, a falta de modulação de carga era um fator de maior

preocupação. Hoje, por meio de campanhas, há uma maior homogeneidade ao longo do

dia e do ano por parte das principais cargas industriais que são incentivadas com

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penalidades nas atribuições tarifárias diferenciadas na horo-sazonal em horário de ponta

seca/úmida e fora ponta seca/úmida. Acredita-se que estes fatores de carga, tanto na

sazonalidade ao longo do dia quanto na sazonalidade ao longo do ano, não tendem a

perfazerem-se com alterações significativas no cenário decenal que possam vir a intervir

nos estudos de demanda.

O estudo do desempenho histórico do crescimento de mercado de energia elétrica,

em face da evolução das variáveis demográficas, econômicas e da dinâmica dos diferentes

setores econômicos, é um item necessário para o entendimento da dinâmica do mercado e

para a formulação. No decorrer deste capítulo, observa-se uma projeção dos principais

setores. As projeções foram realizadas utilizando a base de dados da EPE, que adota uma

metodologia integrada e comparativa entre os métodos bottom-up e top-down, que foi

apresentada no Programa de Planejamento Energético da COPPE em 1997, com o Modelo

Integrado de Planejamento Energético (MIPE).

O método bottom-up de projeção de demanda no setor energético se caracteriza pela

análise dos usos finais de eletricidade nos equipamentos eletrodomésticos. De modo mais

específico, é mais aplicado aos consumidores residenciais, e busca variáveis

econométricas para as questões demográficas, quantidade de domicílios e principalmente

no consumo final de energia, isto é, a carga demandada de energia elétrica.

Em contra partida, o método top-down se aplica um todo da projeção do mercado de

energia elétrica, fragmentando em subsistemas elétricos e por classe de consumo:

residencial, industrial, comercial e outras. Propõe uma análise mais abrangente, que por

sua vez terá métodos predominantemente de insumo-produtos que parametrizam e

caracterizam o correspondente segmento do mercado, bem como a evolução do PIB e da

população.

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Não serão apresentados estudos particulares para a análise do consumo de energia do

setor comercial, que pode ser fundamentada por meio de um cenário econômico que vai

além das premissas históricas individualizadas do setor. Apesar de estar em terceiro lugar

no consumo de energia em relação ao total nacional, possui uma parcela significativa

nessa demanda. O estudo específico para o comércio acaba acompanhando o crescimento

do PIB, demográfico e industrial, uma vez que os setores comerciais são linearmente

dependentes destes parâmetros.

Na sequência, serão apresentadas as perspectivas do setor residencial e do setor

industrial.

4.2.1 Projeção e expansão do setor residencial

O crescimento da população brasileira para a próxima década se tornará mais

significativo nas regiões Norte e Centro-Oeste, o que aumentam a participação destas

regiões na demografia do país, conforme tendência história apresentada pelo IBGE que

também pode ser encontrada nos dados da EPE. Contudo, é visível na tabela 2 e na

tabela 3, que este ganho não será suficiente para retirar o predomínio da população

brasileira no sudeste, que estará, em um horizonte de 10 anos, com 42% da população

brasileira, enquanto o norte e o centro-oeste terão apenas 15%. Nesta conjuntura, para este

horizonte de 10 anos, é possível prosseguir com os estudos de projeção nacional sem se

ater às regionalizações, o que não necessariamente poderia ser feito em um estudo em

longo prazo.

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Tabela 2 - Brasil e Regiões: Projeção da População Residente (mil hab)

Ano Norte Nordeste Sudeste Sul Centro-Oeste Brasil 2010 15.663 54.294 81.932 28.028 14.174 194.091 2014 16.371 55.934 84.307 28.750 14.825 200.186 2019 17.110 57.649 86.788 29.504 15.505 206.556

Variação (% ao ano) 2010-2014 1,1 0,7 0,7 0,6 1,1 0,8 2014-2019 0,9 0,6 0,6 0,5 0,9 0,6 2019-2019 1,0 0,7 0,6 0,6 1,0 0,7

Variação (% ao ano) 2010 8,0 28,0 42,2 14,5 7,3 100,0 2014 8,2 27,9 42,1 14,4 7,4 100,00 2019 8,3 27,9 42,0 14,3 7,5 100,00

Tabela 3 - Brasil e Regiões: Projeção do Número de Domicílios (mil)

Ano Norte Nordeste Sudeste Sul Centro-Oeste Brasil 2010 4.259 15.295 27.152 9.591 4.547 60.844 2014 4.725 16.660 29.692 10.533 5.051 66.662 2019 5.305 18.384 32.917 11.723 5.663 73.992

Variação (% ao ano) 2010-2014 2,6 2,2 2,3 2,4 2,7 2,3 2015-2019 2,3 2,0 2,1 2,2 2,3 2,1 2010-2019 2,5 2,1 2,2 2,3 2,5 2,2

Variação (% ao ano) 2010 7,0 25,2 44,7 15,8 7,4 100,0 2014 7,1 25,0 44,6 15,8 7,6 100,0 2019 7,2 24,9 44,5 15,8 7,6 100,0

A importância do número de habitantes e número de domicílios se faz necessária

para que seja encontrado o número médio de habitantes por domicílio, que chega a 2,8 no

final da década de projeção, mostrando uma queda em relação ao número atual de 3,2.

Estes números são frutos da queda da taxa de fecundidade, isto é, um menor número de

filhos por família.

A importância do número de domicílios combinado com o número de habitantes é

por conta da variação do consumo de energia de acordo com a média de número de

habitantes por domicílio. O poder aquisitivo e o número de habitantes por residência

agregam o consumo total de energia. Já o crescimento do número dos domicílios implica

em consumo fixo de energia, por conta de eletrodomésticos fixos, como geladeira, que não

dependem do número de pessoas no domicílio, mas apenas do poder aquisitivo da família.

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Para a análise de crescimento populacional, a EPE adota estudos com base nas taxas

de crescimento anuais e nos valores totais da população, observando os seguintes

históricos e projeções, apresentadas nas figuras 3 e 4, que mostram uma redução na taxa

de crescimento. Estudos do IBGE para uma projeção de 50 anos apontam uma taxa de

crescimento negativo a partir de 2040.

Figura 3 - Taxa de crescimento demográfico nacional

Figura 4 - Crescimento demográfico nacional

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No que diz respeito aos aspectos de expansão, o incremento do consumo do setor

residencial está também dependente do aumento do número de domicílios e da aquisição

de eletrodomésticos. No que rege o crescimento do número de residências atendidas pelo

serviço de energia elétrica ao longo do horizonte de dez anos, observa-se os objetivos

alcançados do Programa Luz para Todos no ano de 2010. Deste modo, a quantidade de

residências permanentes com energia elétrica direciona-se de 55 milhões de unidades em

2007 para cerca de 74 milhões de unidades em 2019.

Com relação à posse de eletrodomésticos, admitiu-se que o aumento da renda per

capita é indutor da expansão do estoque desses equipamentos nos domicílios. A projeção

do estoque é conseguida a partir da subtração entre a avaliação de evolução das vendas e o

sucateamento dos equipamentos em foco, admitindo-se a premissa geral de que, ao final

da vida útil, estes são substituídos por outros mais eficientes. Desta forma, o estoque se

expande e se torna cada vez mais eficiente [11].

4.2.2 Projeção dos setores industriais

Quando há uma política de distribuição de renda, o crescimento econômico

interferirá positivamente o crescimento social. A geração de empregos e a conseqüente

geração de oportunidades acarretam capital para a população de modo que esta poderá

consumir e aquecer o mercado produtor e ainda ser absorvida.

Devido à retroação da produção internacional com a crise de 2009, houve mudanças

entre os cenários previstos nas variáveis com relações econômicas da expansão dos

setores industriais, tanto por uma redução da exportação, como em setores que sofreram

impactos indiretos. O setor com maior abalo foi o siderúrgico e, conseqüentemente, nos

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setores correlacionados com a cadeia produtiva, seja a montante (mineração), seja a

jusante (produtos do aço).

Para a previsão, a EPE traça as curvas de demanda energética de sub-setores

distintos, considerados como grandes consumidores industriais de energia. É analisado o

crescimento tanto regional quanto do tipo de produtos. São utilizados como parâmetros

um cenário macroeconômico que trata de dinâmicas de mercado interno e externo dos

respectivos produtos, tais como a capacidade de expansão e o comportamento da demanda

interna frente ao crescimento da economia e aos valores agregados. A perspectiva do

consumo dos consumidores eletrointensivos foi realizada com a confiança de evolução

física e da evolução do consumo específico de energia elétrica (kWh) por tonelada de cada

um dos sub-setores.

As fontes de dados adotadas são baseadas em dados dos Estudos Setoriais do Banco

Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), e ainda podem ser utilizadas

como fontes as associações de classe dos principais grupos industriais ou informações

consideradas seguras da mídia.

Com base na perspectiva de crescimento de produção presente na tabela 4

combinada com o consumo elétrico médio por tonelada, apresentados na tabela 5, ambas

com dados da EPE, é que se pode ter um aspecto quantitativo que nos motive a projetar a

demanda energética industrial.

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Tabela 4 - Produção dos Grandes Consumidores Industriais (mil tol/ano)

Setor Capacidade Instalada Produção Física

2010 2014 2019 2010 2014 2019 Bauxita 31.435 43.394 53.394 26.863 41.224 50.724 Alumina 9.418 13.409 16.769 8.947 12.738 15.730 Alumínio 1.610 1.738 2.155 1.530 1.668 2.069 Siderurgia 44.030 57.120 78.600 32.142 52.550 72.312 Ferroligas 1.406 1.562 1.962 1.125 1.484 1.864 Pelotização 54.250 68.000 83.500 46.113 64.600 79.325 Cobre 776 1.786 2.358 699 1.696 2.240 Soda-Cloro 1.724 2.172 2.882 1.552 2.020 2.681 Petroquímica 3.790 5.190 5.790 3.544 4.931 5.501 Celulose 15.131 20.381 28.931 13.149 19.415 28.041 Pasta Mecânica 520 520 820 494 504 795 Papel 11.112 14.239 19.854 10.000 13.100 18.266 Cimento - - - 54.106 70.039 95.127

Tabela 5 Consumo de Grandes consumidores industriais: Consumo médio de eletricidade (kWh/t)

Setor 2010 2014 2019 Bauxita 13 13 13 Alumina 298 296 293 Alumínio 14.767 14.650 14.486 Siderurgia 498 498 498 Ferroligas 7.161 7.505 8.204 Pelotização 49 48 48 Cobre 1.555 2.511 1.495 Soda-Cloro 2.725 2.663 2.601 Petroquímica 1.581 1.588 1.579 Celulose 883 871 864 Pasta Mecânica 2.187 2.171 2.153 Papel 695 688 681 Cimento 99 98 97

4.3 RESULTADOS DAS PROJEÇÕES

O estudo de previsão de consumo energético nacional exposto pela EPE é

apresentado distribuído por regiões e por setores elétricos. A seguir, serão detalhados

estes resultados estimados da demanda, para apresentar o referido quadro energético.

Na Figura 5 encontramos uma representação simplificada do estudo de demanda

energética adotada pela EPE. Observamos que os fatores que foram apresentados neste

estudo contemplam apenas os Cenários Mundiais, Nacionais e Demográficos.

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Cenários Mundiais Cenários NacionaisConsistência

Macroeconômica

Módulo Macroeconômico

Estudos da Demanda de Energia

Cenários MundiaisDemografiaEficiência

Meio Ambiente

Projeções deDemanda de Energia

Uso Energético

Estudo de Oferta/Infra-Estrutura

Figura 5 - Representação adaptada da EPE para a projeção da demanda do setor de energia

As variáveis de entrada que tratam sobre eficiência energética e meio ambiente se

mostram com um importante papel, pois se acredita que as políticas de eficiências e

sustentabilidade já estão inclusas no estado atual, que caracterizam a curva aqui

apresentada. A perda deste cenário de eficiência poderia extrapolar o consumo previsto.

Entretanto, todos os setores estão buscando cada vez mais reduzir os custos sob as

limitações de tarifas energéticas ou estratégias de sustentabilidade e/ou marketing, que os

incentivam nesta eficiência.

Neste cenário de 2010 a 2019, a taxa média de crescimento é prevista para 5,0% ao

ano. Na tabela 6, encontra-se uma projeção do consumo energético na rede, segmentado

em classes de consumo. É observado que a média de crescimento de demanda para a

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classe comercial se torna mais expressiva e se aproxima da média residencial, que passa

de 25,4% em 2010 para 23,6% ao final da década. Outro ponto que pode ser observado

está na tabela 7, que apresenta um crescimento da região norte. Este crescimento parte do

pressuposto que grandes cargas industriais estarão sendo instaladas na região, por conta

dos incentivos fiscais, e o suprimento destas cargas será possibilitado com a interligação

dos sistemas, que até então são isolados. Esta interligação é motivo desta redução de

sistemas isolados apresentados na tabela 7.

Tabela 6 - Consumo e projeção energética na rede por Classe (GWh)

Ano Residencial Industrial Comercial Outros Total 2010 105.538 182.338 69.223 58.766 415.865 2014 126.787 223.456 87.825 68.724 506.791 2019 156.546 274.774 118.416 83.297 663.033

Variação (% ao ano) 2010-2014 4,8 6,1 6,2 4,1 5,5 2015-2019 4,3 4,2 6,2 3,9 4,5 2010-2019 4,6 5,1 6,2 4,0 5,0

Tabela 7- Consumo e projeção energética na rede por Subsistema (GWh)

Ano Subsistema

SIN Sistemas Isolados

Brasil Norte Nordeste Sudeste/CO Sul

2010 28.813 59.015 250.503 71.024 409.355 6.510 415.865 2014 43.318 72.372 306.125 83.737 505.552 1.239 506.791 2019 58.152 92.561 337.355 103.162 631.229 1.805 633.033

Variação (% ao ano) 2010-2014 10,5 5,9 5,6 4,7 5,9 -31,2 5,5 2014-2019 6,1 5,0 4,3 4,3 4,5 7,8 4,5 2010-2019 8,2 5,4 5,0 4,5 5,2 -13,9 5,0

Na Figura 6, observa-se a variação da demanda no ano de 2009, quando houve um

deslocamento nas várias classes de consumo. A crise alterou a curva efetuando um

deslocamento negativo quando comparadas as curvas de projeções do PDE antes e depois

da crise. Por conseguinte, a determinação clara deste horizonte garante a contribuição de

um crescimento importante na determinação de novos investimentos em infraestrutura.

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Figura 6 - PDE 2008-2017 e PDE 20010-2019

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5 CONCLUSÃO

Ao fazer este levantamento bibliográfico sobre a projeção de demanda energética

nacional, buscou-se trazer um conhecimento básico do que já foi estudado e publicado

sobre o assunto. Percebe-se que o estudo da previsão de demanda é necessário para um

planejamento da matriz energética (geração, transmissão e distribuição), e baseado na

construção de um modelo econômico, social e histórico, é possível um olhar político e

econômico nos efeitos da crise de 2009, a fim de evitar novas anormalidades que possam

vir a causar danos a sociedade e a economia nacional.

A modelagem econométrica ou de insumo-produto são insuficientes, se tratadas

isoladamente. Do mesmo modo, os métodos de análises quantitativas e qualitativas devem

ser trabalhados em conjunto. As informações e resultados apresentados nos estudos de

previsão de demanda realizados pela EPE permitem disponibilizar para os pesquisadores,

autoridades e demais interessados um conjunto de dados que contribuem para avançar em

estudos específicos associados ao crescimento do consumo energético, notadamente

aqueles direcionados ao planejamento.

Para os modelos apresentados, que é uma forma simplificada, as variáveis como

questões sócio-ambientais não foram tratadas. É aberta a possibilidade de trabalhos

futuros a serem explorados e incrementados considerando questões ambientais e sociais.

Pensando em longo prazo, a execução dos pontos do programa de planejamento acarreta

um processo de otimização e modernização das formas de ação, utilizando dados mais

específicos que possam agregar informações ao conteúdo. Pesquisas deste gênero tratadas

pela EPE trazem benefícios significativos para o desempenho de estratégias políticas de

energia.

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[4] WIKIPÉDIA. Vela (medida). Disponível em: <

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do Planejamento da Expansão dos Sistemas Elétricos. Empresa de Pesquisa

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de energia elétrica aplicado a sistemas isolados em desenvolvimento natural: o

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[10] LEMOS, Fernando de Oliveira. Metodologia para Seleção de Métodos de

Previsão de Demanda. Dissertação de Mestrado em Engenharia de Produção -

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Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção, UFRGS, Porto Alegre,

2006.

[11] BRASIL. Plano Decenal de Expansão de Energia 2019. Ministério de Minas e

Energia. Empresa de Pesquisa Energética. Rio de Janeiro: MME/EPE, 2010. 2 v.: il.